segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ósculo

Se houvesse uma metáfora física para o momento seria uma efémera valsa vienense, mas dotada de uma promiscuidade engraçada, de uma insalubre imundície de desejo a querer dar a mão e alternar os dedos,
- Sou o pleonasmo e tu a antítese
de um ir embora doce conquanto débil e de um pequeno vazio no estômago pela hora de fechar os olhos e tentar adormecer.
Depois um desequilíbrio espontâneo na dança das tercinas, que concerteza encheu o Verbo de orgulho, cerrou um círculo público de íntimo contentamento que nos engolia o perímetro infinito para lá do alcance da
- Sou o pleonasmo e tu a antítese
percepção dos olhos dos homens; mais uma desconhecida maravilha, mais um glorioso fóssil ferido na confusão poética dos jâmbicos, sáficos ou datílicos das nossas deixas, como se isso contribuísse agora para o equilíbrio deste feliz relato, um estranho contar, de uma felicidade porventura
- Sou o pleonasmo e tu a antítese
concêntrica e mundana, mas que ainda assim riu ao percalço na dança e caíu por ora nas boas graças do Verbo que é inconstante e administra todos os
- Sou o teu predicado
momentos, neste caso com o seu frio reger de ósculo principesco e o seu forte carácter de prostituta; mas que se houvesse uma metáfora para o momento seria uma efémera valsa vienense, isso seria concerteza, com percalços dignos da aprazível promiscuidade, que de início nos parecia uma
- Sou o pleonasmo e tu a antítese
brecha no sistema do tempo, e a tal insalubridade imunda do desejo, que se existe inclusive na poesia parcial de completa confusão dos diálogos que travámos, então é invariavelmente um alexandrino à chuva, um heróico explosivo no ciclo perpétuo da ilusão,
- Sou o pleonasmo e tu a antítese
que se isso realmente existe para além da lógica ao nosso alcance, então é isso a crase da invariável noite.

Sem comentários: