tag:blogger.com,1999:blog-6866678781735794362023-11-15T07:14:42.339-08:00por assim dizerAlugam-se PoemasAndréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-73733520212705226452018-04-28T08:42:00.000-07:002018-04-28T08:42:25.225-07:00DeusÉ uma bomba de presunção e água benta<br />
que te rebenta na tromba;<br />
é uma pomba branca<br />
que desanca o filho na cruz.<br />
<br />
Onde está o amor que fizeste?Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-33823503371493574542018-04-25T14:30:00.000-07:002018-04-25T14:31:18.746-07:00ConfessoÀs vezes sinto inveja e p'ra que ninguém veja guardo-o bem em mim.<br />
O que é que queres, eu sou assim, não faço por mal,<br />
Que afinal de que serviria forçar um fim?<br />
<br />
Há coisas que são mais fáceis de aceitar,<br />
Coisas sem idioma que podes deixar entrar.<br />
Por muito que olhes há coisas que não vês,<br />
Às vezes o céu significa o peito, às vezes a chuva, nem tudo é perfeito.<br />
Confesso.<br />
<br />
Às vezes tenho vergonha, que quando um gajo sonha<br />
Despe o seu mundo, o que no fundo é elementar.<br />
Às vezes quando me desprezo não posso nem devo pensar que<br />
<br />
Há coisas que são mais fáceis de aceitar,<br />
Coisas sem idioma que podes deixar entrar.<br />
Por muito que olhes há coisas que não vês,<br />
Às vezes o céu significa o peito, às vezes a chuva, nem tudo é perfeito.<br />
Confesso.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-81745272286280578462016-07-25T11:47:00.002-07:002016-07-27T04:43:27.838-07:00Chave<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Sofri cofres, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Sofri desejos amorfes </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">para chegar até aqui, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">mas os sentidos quiseram o céu. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Ainda o caminho era longo </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">e já eu era um ditongo </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">de uma palavra de mar, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">impossível de soletrar. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Por isso sonhei fontes, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">sonhei sonhos ardentes.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Não me desapontes, não consigas por muito que tentes. </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Não tentes o que sonhei para chegar aqui. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Mas pois senão que um mas a olhar para o lado, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">um mas quase perdido, quase desesperado, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Mas não de oposição. </span><br />
<br />
<a href="https://soundcloud.com/porassimdizer/por-assim-dizer-chave">[interlúdio musical]</a><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Mas os sentidos quiseram o céu... </span><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Ainda o caminho era extenso </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">e já eu era um lenço </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">a acenar adeus ao mar </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">impossível de navegar. </span><br />
<br style="background-color: white; color: #363636; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;" />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Mas pois senão que um mas a olhar para o lado, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">um mas quase perdido, quase desesperado, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Mas não de oposição: </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">Um mas de concessão, </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">um mas de não ser capaz; </span><br />
<span style="background-color: white; color: #363636; font-family: "helvetica neue" , "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">O admitir e seus ecos de paz.</span>Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-45219821429117176112012-02-20T11:55:00.000-08:002012-12-22T09:10:48.096-08:00Por Assim DizerPor Assim Dizer é, em primeiro lugar, um ensaio onírico. Só depois um objecto de exasperação. <br /><br /><br />Daí ser essencialmente puerilidade, hipostasiação e desconforto. Das cordas invencíveis de uma guitarra barata, fazer vibrar palavras, versos brancos, poemas, coisas intangíveis. É um dedilhar memórias de pessoas por vezes coloridas e de lugares que nos são estranhamente familiares; um escrever estórias de amantes e pretendentes com as notas que parecem existir por baixo das teclas do piano. Cada nota é uma emoção diferente, única e intraduzível. Cada sofrido compasso, uma pequena metamorfose, um fragmento de vida, um luxo de passo para a morte. Mágoa em semínimas. Amor bemol. <br /><br /><br />Todas as melodias são cinzeladas à mão por este melónamo artesão. São texturas de sonhos, sereias subtis que se me escorrem das mãos, dos dedos para quaisquer ouvidos abertos. Um baixar as defesas. Mecanismos de silêncio. Os teus movimentos sem saída seguros por raízes. Para além de beleza, não têm nada a dizer. São paixões. Uma cópula carnal. Sinistra sinfonia de rosas. <br /><br /><br />O experimental e a descontrução são inevitáveis. Desinspirações imprevisíveis. São lograr cansaço. Regem-se pela ordem arbitrária de vácuos impalpáveis. Uma sépala de gestos mitigados. Um ruído é a infusão compósita de almíscar e tiquetaques negros. Uma vertigem espiral encerrada numa nuvem de éter. Uma sonolenta tarde de verão e arco-íris de areia em postais amarelecidos. Dedos mortos no fumo. <br /><br /><br />Cabe aos amigos um ténue perímetro de reconhecimento. Um lugar no tempo perfeito. Línguas de ópio. Sáficos, jâmbicos ou heróicos. Delicadeza de vidro na voz, grito de vapor poético. Fogo-de-artifício nos pulsos, nas mãos, nos lábios, nos dedos. Jovens valquírias e trovadores na noite. <br /><br /><br />O desejo é congregar todas as coisas. Amar um mundo. Nasce uma flor. Velhos inventários elegantes, com a velha glória das grandes nomenclaturas. Parece-me que já estive aqui antes. Fito a vaga remniscência. Este é o laborioso ofício da mais minuciosa lavra, executado na mais traiçoeira brenha. Mergulhamos entre as músicas, deixamo-las respirar, perdemo-nos na justeza de um murmúrio. Damos-lhe um nome. Damos-lhe um lugar. Damos-lhe um carácter. Damos-lhe vida, por assim dizer.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-6195697250461771282011-07-20T09:13:00.000-07:002014-07-08T12:18:25.596-07:00Isto Não É Um PoemaEntão decidi escrever um poema. Pousei o charro no cinzeiro, permitindo aos meus olhos planearem a contemplação do universo crepuscular que seria o meu quarto. Não era uma cedência total ao sentido, mas uma bela permuta: em troca sonhei entender meia dúzia de explicações para a génese do mundo, todas elas igual e fantasticamente plausíveis. No mercado dos sentidos, saber como tudo começou é um produto raro e valioso, e eu consegui-o por uma pechincha.<br /><br />À luz do que soube durante aquele bocadito revelador, a metáfora do ovo e da galinha não faz sentido nenhum, porquanto se prende com uma questão temporal, quando não há antes nem depois, há um agora infinito que não depende de nós, nunca dependeu nem nunca dependerá, mas lá está, nunca também não faz sentido, como também não faz sentido conjugar verbos, pretéritos, futuros e condicionais, um mais-que-perfeito, não vá o diabo tecê-las, mas conjugar o quê quando tudo é infinitivo, tudo é gerúndio, não houve início nem haverá fim porque o universo é um verbo eterno, uma acção perpétua, e pronto, pelo que deu para perceber é isto. E, sim, foi o que me ocorreu naquela altura luminosa, foi a metáfora da galinha e do ovo.<br /><br />Mas no preciso momento em que acabava de me aborrecer com isto, o que não dissera e o que dissera a mais reuniram-se num estranho círculo de lava e de sangue: agora sei que a lava representava o irrevelado, a dor potencial e a omissão; o sangue, as solenes vitórias e as consagradíssimas derrotas. O meu juízo isolado levara-me a crer que se tratava também de uma aliança de funestos arrependimentos de estirpes perdidas nos sulcos do tempo, rasgando pretéritos no predicado da vida, forçando sentido nas palavras que aqui deixo cair, sim, largo-as aqui, que escrever também é esquecer as coisas no papel, digo que a vida tem predicado, digo que arrependimentos formam alianças, do imperfeito ao mais-que-perfeito, sem ponto final, digo uns símbolos estranhos, um vigor de gerúndio, trocando os atributos às coisas, fugindo ao assunto.<br /><br />E pronto, foi esse oceano de opções e esta maldita liberdade de escolha que me levaram a esta insana decisão. Foi o meu ser perdido no vil deslumbre do exterior que se deixou abraçar pelos tentáculos das geometrias insondáveis da possibilidade. Não. Isto não é um poema. Nem fui eu que o decidi.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-16703437923212506422011-05-16T06:42:00.000-07:002011-05-16T06:47:37.725-07:00O Meu Lema É Não SeiO meu lema é não sei.<br />Hesitação, a minha destreza.<br />Mas em nada saber -<br />Não obstante uma leve beleza -<br />Há um grande vão, feio de se ver:<br /><br />O meu lema é não sei.<br />Nunca tenho a certeza,<br />Nem mesmo a de que errei,<br />E julgo torpe proeza<br />Que a dúvida desabe,<br />E pensar-se que se sabe.<br />Sua alteza, agora é rei,<br />Não há quem o aldrabe.<br /><br />Mas o meu lema é não sei.<br />Nunca estou seguro da verdade,<br />Nem nunca acreditei.<br /><br />Vês?<br />O meu lema é não sei.<br />A que fim assim chegarei?<br />Verdades não são vitórias,<br />São antes falsas glórias,<br />Majestades provisórias,<br />Então só por hoje será rei,<br />Amanhã? Eu não o saberei.<br />O meu lema é não sei,<br /><br />Sem fim como a História,<br />Essa verdade espectacular<br />E tão boa de acreditar.<br /><br />Vês?<br />Nunca acabo de pensar,<br />Nem sei como hei-de acabar.<br />Houvesse só um começo<br />E também eu seria rei.<br />Mas assim o que mereço?<br />Não me adoro nem me odeio,<br />Porquanto não me conheço.<br />O meu meio não existe.<br /><br />Assim cada fim triste<br />Será sempre um novo início,<br />E nunca um precipício.<br />O meu lema é não sei,<br />Que saber é um desperdício.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-75759915375810488702011-01-29T15:45:00.000-08:002012-10-12T13:40:41.868-07:00Música No Coração: Porque É, Que SeráSer homem o suficiente para governar e administrar um projecto, até ao fim, consumir as suas imperfeições, sorver os seus defeitos. Ser homem o suficiente para assumir como minha qualquer canção que apanhe no ar, porque a música não é mais do que isso, vento fino, delicadíssimo, que se nos escorrega pela cara, pelos olhos, pela boca, pelo nariz, pelos ouvidos, aos sentidos, que se nos foge entre os dedos, Vou fugir de ti, apanha o que puderes, e que, ulterior a nós, nos oferece apenas um vislumbre de si, Anda atrás de mim. <br /><br /> Poucos conhecem os seus mistérios harmónicos, e aqueles que se dedicam a decifrá-los, os músicos cristos, pregam-na ao resto da humanidade, É esta a nossa religião, acreditamos na vibração, o som é a nossa forma de comunhão espiritual, e claro que Afinal sois músicos ou padres?, mas ainda assim, não esqueçamos, a música não é mais do que uma brisa divina muitíssimo anterior aos homens, que, cegos, ainda acreditam às vezes que são não só fazedores, mas também criadores de uma coisa que muito mais provável e verosimelmente os houvera criado a eles, em algum etéreo momento em que se sentia entediada com o excesso da sua própria beleza, merecendo por isso, com o mais profundo sentido de mérito, que sejamos homens o suficiente para governar um projecto nosso, não por direito, mas porque disso nos tornámos merecedores, que o tempo é o nosso mais merecido sacrifício, e que, pelo menos eu, porquanto pelos outros não poderei nunca escrevinhar assim, na minha condição de suficientemente homem, apanhe qualquer melodia no ar e a entregue a um ou outro par de ouvidos, sim, três vivas à juventude, da nota-morfema à melodia-palavra, da melodia-palavra à harmonia-linguagem, e agora é só esse o desígnio da minha existência. <br /><br /> Diz a douta boca do povo que, e porque não, um homem só o é depois de fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore, não necessariamente por esta ordem, o meu subconsciente é que assim o quis, portanto perguntem-me, Já plantaste uma árvore?, de modos que me podem perguntar, Já escreveste um livro?, se vos aprouver, estejam à vontade, mas o meu filho é este aqui, inteiramente saído daqui de dentro, Sim, fui eu, fui eu que o fiz, mas ele já existia muito antes de mim.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-21697370887069702602010-11-03T13:13:00.000-07:002016-08-14T01:33:16.752-07:00Lábios (O Triângulo de Cracóvia)São lábios, senhora, são lábios<br />
São sábios nacos de carne sua<br />
Fraquejam na hora do beijo<br />
Sobejam-me agora que vejo<br />
Que doces fastios são na verdade<br />
<br />
Os meus sentidos frios, o seu coração sem idade,<br />
Peregrinos sombrios da oração crua do corpo<br />
Borboleteando andorinos no torpor salivado dos sonhos,<br />
Nestes sonhos medonhos de vão, orgia e liberdade,<br />
<br />
Pelo que quando somos só lábios<br />
Aparecem logo aí umas mil mãos<br />
Todas a levantarem-nos do chão<br />
<br />
Nós no ar, nós mais do que a levitar<br />
Nós com tesão numa curva do tempo<br />
O coração ao relento, as pernas ao ar,<br />
<br />
Sendo que quando somos só lábios<br />
Desfocamos como se fotografias<br />
Onde detemos pedaços de bons dias<br />
Que é um bom eufemismo para utopias,<br />
<br />
Disse-mo um enorme minuto vazio,<br />
Grandíssimo, puto, que gentio de tempo,<br />
Um adágio rômbico de línguas,<br />
Um fio de apetite que se solta<br />
E um gajo que o aguente.<br />
<br />
São lábios, senhora, são lábios<br />
São fáceis nacos de carne sua<br />
Fraquejam na hora do beijo<br />
Sobejam-me agora que vejo<br />
Quão doces e frios são na verdade<br />
<br />
Pelos meus queridos gentios de emoção, de afinidade<br />
Que meu sombrio coração tem com lábios e com vaidade,<br />
Borboleteando andorinos no torpor salivado dos sonhos,<br />
Nestes sonhos medonhos de vão, orgia e liberdade,<br />
<br />
Pelo que quando somos só lábios<br />
Aparecem logo aí umas mil mãos<br />
Todas a levantarem-nos do chão<br />
<br />
Nós no ar, nós mais do que a levitar<br />
Nós com tesão numa curva do tempo<br />
O coração ao relento, as pernas ao ar,<br />
<br />
Sendo que quando somos só lábios<br />
Desfocamos como se fotografias<br />
Onde detemos pedaços de bons dias<br />
Que é um bom eufemismo para utopias,<br />
<br />
Disse-mo um enorme minuto vazio,<br />
Grandíssimo, puto, que gentio de tempo,<br />
Um adágio rômbico de línguas,<br />
Deusas de carne e réguas para sonhos, pá.<br />
Um trapézio de lábios.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-75481915242102814572009-11-13T17:44:00.000-08:002013-12-11T07:20:35.149-08:00A Gramática do Silênciogosto de silêncio durante o período de gestação das palavras, gosto de lágrimas sujas, de lágrimas que deviam ter caído antes, sim, antigas, libertadoras, de ti nua, um caos de letras, uma desordem de morfemas, e aí dá-se a mão ao tempo, significados em cravo a abrirem-se no ventre, e assiste-se então ao parto de uma ou outra oração, uma mais bonita, outra mais feia, são assim os apetites irónicos da hereditariedade, mas espera porque ainda há placenta de silêncio por todo lado e sangue nas palavras, por amor de alguma coisa, alguém que me lave estas crianças, que as embrulhe em poemas confortáveis, e que lhes chegue um bocadinho de contexto, que agora saímos de nós, espera, espera que agora saímos de nós para assistirmos ao nascimento do Verbo, nós fora de nós e uma orquestra de classes gramaticais de propósito para ver um pequeno vocábulo nascer, será menino ou menina, nós fora de nós e o os nossos corpos, metonímias, as nossas mãos metáforas e por isso dá-se um forte abraço ao tempo, apertam-se tristezas para que depois as lágrimas caiam sujas, dado que as lágrimas sujas não precisam de palavras, nem de frases nem de textos, deviam ter caído antes e por isso são a maior unidade de significado no âmbito da mundividência semântica, contêm em si todos os contextos e aquele silêncio ecuménico que eu tanto gosto durante o período de gestação das palavras, gosto de poder ouvir os sonzinhos da linguagem no ventre, as letras, fetos dispersos, olha um morfema, olha significado, o primeiro sintagma, e então dá-se a mão ao tempo, não, minto, abraça-se o tempo porque as mãos metáforas, apertam-se significados no peito para que um dia as lágrimas caiam sujas por não terem caído antes, para que um dia todos os contextos, cada lágrima um texto, cada lágrima um romance, cada lágrima uma linguagem, e eu possa assistir ao período de gestação das palavras com todo o pormenor do seu inenarrável silêncio, um jardinzinho de verbetes, um quintal de sufixos, uma horta de silepses, um canteirozito de conjunções, vida e linguagem, dá-se a mão ao tempo, não, as mãos uma metáfora do tempo, e aí então uma melíflua anarquia de letrinhas, uma doce desordem de morfemas, mas espera porque coisas humanas no enunciado recém-nascido, prosopopeias?, alguém que me bote aqui os olhos um bocadinho que agora saimos de nós, como?, tipo, a voar, com asas de oxímoros, com a aerodinâmica das catacreses, sim, a voar a uma velocidade adverbial e uma orquestra de epítetos só para o nascimento do menino Verbo, que nós fora de nós a assitir a tudo, a ver as lágrimas que se sujaram por não terem caído antes serem livros gigantes e a linguagem a sair da ubiquidade para o espaço, porque o tempo demiurgo e eu um abraço queAndréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-13011674645966110082009-06-07T14:57:00.000-07:002011-08-03T12:00:51.751-07:00Estranho Acordo de Aforismos e Outras Significâncias<br>A primeira coisa que vejo num poema é uma mulher. Nas curvas insidiosas das palavras vejo ancas; no som plástico de um verso, uma pose feminina, um olhar e perversão. Qualquer romance merece uma rosa entre um homem e uma mulher; a linguagem tem direito a ver-nos fornicar, pois é tão necessária quanto nós. <br /> <br>Mas juro que não tenho piça quando a primeira coisa que ouço na melodia de um sintagma é uma mulher; prometo-lhe-me sem homem.<br /> <br>O que acontece é que à fraqueza da carne se sucede um sonho de pernas, línguas e mamas, os cabelos e a sintaxe dos broches; a verdade é que o brilho do suor nas tuas costas tem mais palavras do que isto ou qualquer outra poesia que já tenha lido, e talvez por isso possa ver nele, mais nitidamente, a semântica impossível que vou forçando na mulher de um poema. <br /> <br>O brilho do teu suor ou de qualquer outra excreção tua: a sobrevalorização do amor consiste no ardil do desperdício e na arte do excesso: um alexandrino que significa ser mais que do poesia, um sáfico que significa ser mais do que toda a literatura; a hermenêutica animal com um tesão incomensurável assiste ao nascer de uma flor, ao humedecer de uma cona, ouve a mudez dos espasmos do teu corpo, enamorados pela manivérsia do hedonismo, perdidos no dolo do prazer.<br /> <br>E, enfim, é por tudo isso que somos um poema bonito na obediência cega a preceito da beleza. Somos nós as palavras encerradas no suor que se te brilha nas costas e somos nós os espasmos do teu corpo quando te vens, perdidos na vaidade dos sentidos. Só que eu sou eu e tu não existes.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-57951787162169815342009-05-25T16:16:00.000-07:002009-05-26T09:04:11.749-07:00Flores<br>É mais da parte da noite que – orquídeas – me desligo e ouço então o plasma das montanhas a fluir no breu atómico, nos olhos, no vanilóquio, no verbo acreditar, no ar da deusa nocturna, na noite teocrática que – magnólias – também se desliga, ouve aquilo e, leve como neve, entra-se-me pelo nariz escamoteado adentro, ali mesmo, nos olhos negros da noite, no mero vanilóquio de chuva de verão, no ar que – camélias – se me entra nas fossas, e não se vê, acredita-se, desloca-se a fé; breu atómico nos negros olhos, horas precisas e um auto de crença. Uma sereia subtil, flauta de uma estrela longínqua, frases para pendurar, espíritos à volta do pescoço, jorrando sorrisos, os lábios a arquejar, pálido no meu espírito juntamente com um sim quando as – açucenas – chamas gélidas desse fogo frio me invadiram o corpo, coleando virilhas pálidas, dedos dos pés torcidos e um respirar fundo, ao sorver as chamas nos pulmões, e gritei lançando fogo quando a dor mais terrível se transformou no prazer mais requintado e – jades – ejaculei, um último grito, trémulas revelações nos espasmos dos orgasmos dos feridos que os mantiam sãos e sóbrios sob olhares sombrios, obscuras contemplações, negra exposição, negra plateia, acto de amor na – dálias – supersticiosa noite, acto de poesia no escuro absoluto, ao erguer o meu peso de asas, olhos de acreditar, a minha pesada liberdade do fundo deste enorme pacto emocional.<br /> <br>É raro acontecerem sonhos feitos do brilho do sol, mas uma lentidão quase poética testemunha este acto de amor no breu, na retina preta, surge um império de silêncio, mantemos intacta a dignidade do verbo com os – tulipas - braços da alma sempre bem abertos. Súbitas proclamações da mais bela estirpe de tristeza pairam no tempo, formam paredes de energia estóica e um tecto de família e perdão; ainda assim, de um assim cobreado, serpentino, labiríntico, anjos testemunham graça e urgência no caminhar e um poema preto, analítico, - isménias - uma elegância de testemunha, e o porquê de a nossa mudez já não nos conseguir ouvir, ilusões lutam pelo poder, parte-se uma cadeia metafísica, uma sequência de dias felizes, carinho e juventude, promessa de que nenhum erro será alguma vez abandonado, não enquanto a nossa percepção alada e a nossa esperança continuarem a dançar neste jardim de – margaridas - estrelas longínquas, sob esta trémula tempestade sintagmática, em noites distantes, neste chão de palavras, que é mais da parte da noite que me desligo e ouço o plasma das montanhas a fluir, no ar negro, nas narinas, que – papoilas – é mais da parte da noite que acontecem sonhos feitos com o brilho do sol, que ouço sangue a fluir, vida a fluir, que me desligo e aconteço, ouço a textura de velhos poemas, olhos profundos no breu, velhos de longos narizes sentimentais e o ar negro que – celestinas – se me entra nas fossas, que ao meu lado, o teu cheiro transparente, sobre o meu ombro, a memória ainda quente de uma mão tua. Ainda te ouço a ressoar nos corredores da distância e do esquecimento, distantes reverberações do que – prímulas - senti, onde se guarda a infância, onde uma enorme fraqueza me condena a ti e a uma fétida nomenclatura de conceitos obsoletos, com frágeis dedos de futuro, carne fraca do amanhã, dedos de - acácias - frágeis mãos efémeras, o breu completo por onde cirandam as mãos de aranha do passado, escuridão nas ideias, até ao passado no mundo das ideias e uma fraqueza de futuro; o passado recente também, com a sua inexorável consistência de papel, e, assim, de um assim réu, ao hoje nos abraçamos porquanto esta delicadeza requintada do agora nos afaga os sentidos, um afagar principesco mas uma sensorialidade imperial e, assim, de um assim artífice, somos cordeiros do momento; navegantes do já, neste instante, e – rosas - o agora já passou.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-17501780212180445682009-03-30T09:53:00.000-07:002009-04-02T10:29:26.177-07:00Borboletas Na PiçaExperimento-nos na vereda fria da distância. Sinto que experimentar nos levará a algum lado. Aos lábios grossos dos anjos. Sento-me no vazio que há entre o que somos e o que nos tornamos. O mundo tem demasiada pressa para que eu exista e o amor dança com demasiada habilidade e destreza, em seus truques de prestidigitação. Mas ainda assim vou ver se tiro uns dias para ser feliz - sinto borboletas na piça.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-84497476325652070502008-11-14T04:21:00.000-08:002008-11-24T09:54:56.349-08:00Um Parágrafo Vazio<span style="font-family: courier new;font-family:verdana;font-size:100%;" >Porque é que a vontade de pegar na esferográfica e redigir estas inglórias <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">didascálias</span> de pensador menor urge mais veementemente nestes <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">apodos</span> do declinar sobremaneira ante a ruína que no fundo é a filha pródiga da assexuada ausência do nosso <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">alterego</span> incomparável? "<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Paupertas</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">impulit</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">audax</span>", <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">ególatra</span> inapto <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">vicejando</span> os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">apolíneos</span> anais <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">inextricáveis</span> nos limites do conhecimento ecuménico, conquanto frágil, Importa-nos muito, isso, agora, Que ao menos uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">antífrasezinha</span>, que ao menos um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">litote</span> simples para dar uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">corzita</span> idiomática a este desperdício <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">sorumbático</span> de quadro; Que ao menos uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">referênciazinha</span> ao latim de Horácio nas Epístolas nos desvie o sentido destas reverberações passionais que Me imolam a alma a divindades absurdas numa merda dum holocausto inofensivo, Que ao menos um final de parágrafo com Mário de Carvalho, que "a vida dos homens comuns é tão <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">complicativa</span>, ai de nós, como a dos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">incomuns</span>", ambos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">argueiros</span> atómicos a deambularem pela nulidade niilista do universo sobressaltado sem motivo, que nos abandona à mercê do arbítrio de um oculto aleatório, e o entretanto ter furtado o lugar do posfácio do parágrafo, que havia já destinado às <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">pesadíssimas</span> palavras do Sr. Mário, e porquanto somos crianças desprotegidas que minuciosamente se curvam à fria efemeridade deste legado de Tempo, é culpa, grande culpa, desse mesmo senhor, por ter, de algum modo, com o seu condão intelectual, instigado alguma variante menor de inspiração no Meu paupérrimo vaso da Criação, que - ao menos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">Zaratustra</span> - se tivermos em conta que "o criador queria desviar de si os olhares e por isso criou o mundo" e que à parte ulterior da nossa percepto-concepção da realidade marcial desse dito mundo, orgias de anjos, Gestos de poeta e poemas lavados de significado. Embriaguez de palavras: Imponente caminhar de lábios neste entorpecimento analítico, Irrecuperável ondular o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">postíbulo</span> do semblante nesta inconsequente metáfora gramatical, neste mero exercício de linguagem, que todas as rosas são eufemismos, todos os poemas, sarcasmos (e o gargalhar de fetos no ventre sensorial), e toda a moção do sentimento, uma antítese unificada. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">Servimo</span>-nos deste pacto eterno nesta unidade química "assim como nos servimos de palavras, que são sons articulados de uma maneira absurda, para em linguagem real traduzir os mais íntimos e subtis movimentos da emoção ou do pensamento</span><span style="font-family: courier new;font-family:arial,helvetica;font-size:100%;" ><span style="">"</span></span><span style="font-family: courier new;font-family:verdana;font-size:100%;" >, que ainda assim Um Pessoa, que ainda assim Um suave projecto: Rocha de Vida; Ser nobre vegetal ao penetrar o obscuro dos sonhos, sempre com a intuição do tempo, que ao ocaso da ociosidade do leitor mais evoluído, a </span><span style="font-family: courier new;font-family:verdana;font-size:100%;" >felicidade </span><span style="font-family: courier new;font-family:verdana;font-size:100%;" >lhe salve o dia da </span><span style="font-family: courier new;font-family:verdana;font-size:100%;" >perspicácia ou da esperteza e o enriqueça sem significado ao fazê-lo sem fundamento, Que ao menos um fim cada vez mais próximo, nesta pobre estirpe teatral de segundo acto de segunda categoria e sem nexo deste mui vazio e miserável parágrafo.</span>Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-40299746862247511742008-11-04T17:33:00.001-08:002013-08-19T11:55:31.046-07:00Noite de Nenhum PoetaSonhei-te sem alma,<br />Sonhei-te a nu.<br />Sim. Sonhei-te calma.<br />Sim, talvez fosses tu.<br /><br />Gélido ser errante,<br />De mente distante,<br />Eras metade de um instante.<br />A outra metade, constante.<br /><br />Eras só a carne<br />Sem todo o resto.<br />Um total desarme.<br />Um húmido gesto.<br /><br />Assim não me queria dar,<br />Não sem antes te mostrar<br />Tudo que há por dentro<br />E que a alma é alimento.<br /><br />Então, o corpo parte.<br />Fica só o espírito,<br />Fica só a arte<br />De um ser onírico.<br /><br />Hoje,<br />Intento poetizar esse sonâmbulo apogeu,<br />Mas nem sei o que é a versificação.<br />Aqui, escreve quem nunca leu,<br />Aqui, a rima não tem direcção,<br />Pois quem escreve isto não sou eu,<br />Pois em nada disto há razão.<br /><br />Ontem,<br />Logrou Camões maravilhar com elegias,<br />Vislumbrou melífluas ninfas, suas musas,<br />Mais atento que eu ao mundo e suas fantasias.<br />Depois vieram ideias oblíquas, obtusas,<br />E na condição de Pessoa, por dinastias,<br />Leio sem tédio suas palavras doentias.<br /><br />Amanhã,<br />Selarei em ti a parte de trás de um suspiro.<br />Serás também o meu vazio, o meu retiro.<br />Tentarei moldar um rosto em tua alma,<br />Tentarei forçar uma rima na palma<br />De uma mão tua ou talvez na barriga.<br />Uma rima bonita. Sim, talvez eu consiga.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-26099839476260167322008-11-03T18:56:00.000-08:002008-11-14T04:17:29.770-08:00Ou A Morte Dos SonhosA permuta de dor que nos trouxe<br />até este ofegante paraíso de fumo azul<br />trouxe também a palavra sísmica do desejo<br />e pardas emoções que pertenceram já a outros,<br />porquanto tudo isto tivera sido autorizado<br />consentido e planeado neste nosso mundo de Pedras,<br />pois este cinismo necessário ter-nos-ia impedido<br />de te dirigir a palavra, forçando em ti<br />um valor que já não é naturalmente teu.<br /><br />Então as Pedras saltaram na penumbra da idade,<br />num fundamento inventado por vetustas lágrimas<br />pois toda a razão que porvia a nossa maior verdade<br />Morrera, perscutando a alma com os sentidos.<br />Também porque o fogo queimara os amores perdidos,<br />o chão respirou fundo e a ubiquidade tornou-se inabitável.<br /><br />Tomemos, porém e eventualmente, tudo como possível:<br />As grandes Despedidas na paridade perfeita dos grandes corações gélidos<br />Ao deixar assombrarem-me o mundo com o horror da promessa perpétua,<br />Ao reclamarem-me as pálpebras frias à vereda de um resíduo de sonho;<br />Pois a beleza é maior que a razão<br />e existe nesta enorme tolice,<br />Neste enorme pretérito final.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-686667878173579436.post-69413146711240819212008-11-03T15:03:00.000-08:002013-08-19T11:54:54.040-07:00ÓsculoSe houvesse uma metáfora física para o momento seria uma efémera valsa vienense, mas dotada de uma promiscuidade engraçada, de uma insalubre imundície de desejo a querer dar a mão e alternar os dedos,<br />- Sou o pleonasmo e tu a antítese<br />de um ir embora doce conquanto débil e de um pequeno vazio no estômago pela hora de fechar os olhos e tentar adormecer.<br />Depois um desequilíbrio espontâneo na dança das tercinas, que concerteza encheu o Verbo de orgulho, cerrou um círculo público de íntimo contentamento que nos engolia o perímetro infinito para lá do alcance da<br />- Sou o pleonasmo e tu a antítese<br />percepção dos olhos dos homens; mais uma desconhecida maravilha, mais um glorioso fóssil ferido na confusão poética dos jâmbicos, sáficos ou datílicos das nossas deixas, como se isso contribuísse agora para o equilíbrio deste feliz relato, um estranho contar, de uma felicidade porventura<br />- Sou o pleonasmo e tu a antítese<br />concêntrica e mundana, mas que ainda assim riu ao percalço na dança e caíu por ora nas boas graças do Verbo que é inconstante e administra todos os<br />- Sou o teu predicado<br />momentos, neste caso com o seu frio reger de ósculo principesco e o seu forte carácter de prostituta; mas que se houvesse uma metáfora para o momento seria uma efémera valsa vienense, isso seria concerteza, com percalços dignos da aprazível promiscuidade, que de início nos parecia uma<br />- Sou o pleonasmo e tu a antítese<br />brecha no sistema do tempo, e a tal insalubridade imunda do desejo, que se existe inclusive na poesia parcial de completa confusão dos diálogos que travámos, então é invariavelmente um alexandrino à chuva, um heróico explosivo no ciclo perpétuo da ilusão,<br />- Sou o pleonasmo e tu a antítese<br />que se isso realmente existe para além da lógica ao nosso alcance, então é isso a crase da invariável noite.Andréhttp://www.blogger.com/profile/16131866748637841674noreply@blogger.com0